segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

HONORATO MARTINS (NORATÃO)

Por Edson de Lorenzi Foto: Arquivo Museu de Taquaruçu Noratão no início da Guerra do Contestado, tinha apenas 14 anos, brigou de igual para igual junto às forças do exército. Haviam recebido treinamento de guerra quando participou dos Pares de França. A primeira batalha que participou foi na costa do rio Maria Dias. Os informantes avisaram que estava vindo um pelotão de soldados do Espenilho em direção a Taquaruçu e Noratão e seus companheiros armaram-se de facões de pau e foram fazer espera na costa do rio Maria Dias. O estradão passava por uma canhada funda, local próprio para pegar os soldados nos facões. Estavam muito bem prevenidos quando as forças apontaram na canhada, não perderam tempo, no mesmo instante partiram para cima dos soldados, que já vinham amedrontados.... “berravam como “cabritos”, mas não tinha nada, o facão continuava comendo, só paramo porque não tinha mais sordado esperniando”. Os caboclos ainda hoje contam, que antes dessa luta os soldados vinham de Curitibanos, mas devido às ciladas e artimanhas, conseguiam desarmar as tropas que retornavam sem perdas de vida. “lembro que um dos sordado, na ânsia da morte, pediu que não queria morrê com aquela farda vergonhosa que faz brasileiro matá brasileiro. Tiramo a farda e logo o sordado morreu e por respeito enterremo aquele sordado, enquanto que os outros, os bichos e os corvo davam jeito”. Honorato Martins, conhecido por Noratão, devido a sua estatura, nasceu em 1898, seus pais eram Manoel das Almas e Luiza Martins das Almas. Noratão casou-se com Juventina, que por ser de estatura mediana, bem menor que o seu marido, ele a apelidou de “passarinho”. Tiveram cinco filhos. Noratão era uma pessoa simpática e querida. Em qualquer situação estava sempre com um sorriso no rosto. Nos lugares que se encontrava sempre estava rodeado de amigos e crianças e já começava com suas histórias que todos gostavam de escutar. Anos depois da guerra, eu, Pedro fui num baile e Noratão era responsável para cobrar entrada. Neste dia e nos bailes que ele cuidava, ninguém se atrevia a “puxar briga”, o baile prosseguia com muito respeito e diversão. Noratão enfrentava o peso da idade com naturalidade, nunca foi proprietário de terra, trabalhava apenas como agregado e na época não recebeu aposentadoria. Seu corpo está enterrado no cemitério da igreja do Taquaruçu, e este que vos escreve ajudou no enterro. FELISBINO, Pedro, Eliane. Voz de Caboclo. A saga do Contestado Revivida nas Lembranças dos Sobreviventes do Reduto de Taquaruçu. Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina. Florianópolis 2002.

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